sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MORTE

Morte I (Sentido)

A palavra não garante seu sentido.
Mesmo sendo ela no ouvido traduzida,
Raramente se faz, de todo, na carne conhecida.
Tome a palavra Morte como exemplo.
Palavra esta que, sendo da carne, em vida,
Uma completa desconhecida,
Vive a nos matar de medo.


Morte II (Morte Mata)

Há quem diga que viu a Morte,
Mas o olho nunca verá a Morte.
Desculpe, mas só o morto vê a Morte.
A Morte, meu amigo, não tem vida.
Os não-mortos vêem luz, vêem esperança, vêem medo.
Os não-mortos vêem a proximidade da morte.
Mas a Morte não tem cor,
Não tem esperança,
Não tem medo,
A Morte não se contenta em ficar próxima.
A Morte mata.



Morte III (Mistério)


Veja só.
A vida só pode ser tocada
Devido à Morte.
Sem a mudança, Morte fracionada, a vida não pode ser, sequer, percebida.
Só conheceremos, neste mundo, a vida grudada à Morte.
Contentemo-nos com isso, jamais saberemos o que é vida,
jamais saberemos o que é Morte.
Àquele que morre só resta chamar a Morte de Mistério.

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