sexta-feira, 2 de maio de 2008

Seis dias

Conheci a mulher que eu amo no mês de dezembro. Casei com a mulher que eu amo em maio do próximo ano. Em julho ficamos grávidos. Pareceu rápido? De forma nenhuma, para mim demorou :). Mas alguns acharam rápido demais. Aí vai o segredo, essa poesia foi minha resposta para algumas pessoas que vieram para mim contando o tempo. Como se eu não soubesse contar, hehe, saber eu sei, mas não preciso ;).



Quem conta o tempo há muito tempo conta o tempo.
E pouco é muito a quem a contar não perde tempo.
Deus sequer imaginava que toda a sua cria havia sido feita em apenas seis divinos dias.
Quem estava a contar era o Diabo - olhando de fora - e tenho certeza que,
De tão incrédulo, ele fervia enquanto, realizado, Deus descansava no sétimo dia.
A verdadeira criação não é contida pela matemática do tempo,
Pois a verdade é o que há de mais puro,
E tudo o que é puro é divino,
E tudo o que é divino pára o tempo.
Pois até o tempo reconhece o sagrado e se prostra embriagado em sua presença.
E é por isso que eu te amo tanto,
Mesmo que alguém, a contar nos dedos, pense que eu amo há pouco tempo.

Em relação

Onde tantos sustentaram que o amor é uma miragem,
Eu manifesto o quão ilusória é a solidão.
Onde tantos expuseram que o caminho é solitário,
Eu exponho que a um ser que é só não existem passos.
Onde a realização de um homem foi dita com sendo sua,
Eu digo que sua realização a ele não pertence.

Solidão é miragem na existência.
É, de todas as crenças, a mais frágil,
Pois não há pensamento que para si se crie,
Não há palavra que para si seja dita,
Não há gesto que para si seja feito.

Onde tantos se recolheram em sua busca isolada,
Eu grito o nome do encontro.
Onde tantos se detiveram jurando compromisso à sua cela,
Eu juro total entrega.
Onde tantos dormiram embalados por suas próprias palavras,
Eu acordo para ouvir o mundo.

Solidão é miragem na existência,
É crença enganosa fruto de uma dor não-digerida,
É conceito que não pertence a este mundo.
Solidão não é opção disponível aos homens.

A dor tem fonte única.
É o resíduo do esforço despendido para provar a si mesmo o impossível,
A existência do indivíduo por si só.

A dor é fruto de uma imensa miragem.
 
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