sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Só acredito em Deus quando estou apaixonado

A dor é coisa que é do homem,
Coisa herdada que não se esquece,
Coisa que não some.
A dor é aqui da terra,
Já a felicidade aqui não cresce.

Felicidade não é coisa humana,
Humana é a dor.

A dor anda de cabeça baixa como quem procura sua própria raiz,
Desejando arrancá-la e apagar da memória qualquer cicatriz.
A dor tem os pés descalços e anda insegura temendo cacos de vidro no chão,
A felicidade não.

A felicidade demora a chegar e é vulnerável, vem como uma brisa.
Já a maldita dor é um espinho teimoso que finca fundo e imobiliza
O desgraçado da vez que sofrendo grita e agoniza.

Felicidade vem de cima escondida em meio à chuva,
No chão ela abre suas mãos e se refresca na gota que do céu ainda cai.
Felicidade, definitivamente, não é coisa do homem.
Dura um dia ou dois, mas depois o abandona e, sem despedidas, se vai.

Felicidade só pode ser tomada emprestada,
Tem data e hora de devolução marcada.

Felicidade só chega para o homem apaixonado
que crê em algum tipo de Deus da Felicidade.
Se disser que acredita e não está apaixonado...
Desculpe, mas não pode ser verdade.

Não há como existir quem se defina como um desapaixonado crente,
Só se for um apaixonado confuso ou um desapaixonado que mente.

E, se há um Deus da Felicidade, esse Deus é, com certeza,
Uma Deusa de generosas curvas e que te dá bandeira,
Ainda mais se Deus for mesmo brasileiro, digo, brasileira.

2 comentários:

Alessandra disse...

Essa está no primeiro lugar do meu ranking agora...
amei...

Jorge Luís Knak disse...

Oi Alessandra. Bom saber que foi bem-vinda, obrigado pelo comentário. Eu estava me aventurando em uma nova forma de escrita, fico muito feliz que tenha gostado.

abraços

 
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