quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Do tempo

Batem as doze badaladas
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem
Batem até a morte do cuco



quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Aprendiz

Olhar a vida como quem está de fora...aos poucos vamos percebendo que isso vem do medo, que é morte em vida. Foi num desses momentos de reflexão sobre como se relacionar com a vida que nasceu esta poesia. Muitas mudanças emocionais vinham acontecendo nos últimos anos, trazendo mais confiança, mais alegria. Hoje vejo que estes versos foram uma espécie de despedida, adeus distância. Sem entrar de coração na vida como poderemos conhecê-la? Não resta alternativa. Que seja vivida bem de perto e com coragem. Como dizia Vinícius de Moraes: "A vida é pra valer. E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom ninguém vai me dizer que tem sem provar muito bem provado com certidão passada em cartório do céu e assinado embaixo: Deus.E com firma reconhecida!"


Acreditei ser possível te olhar da margem.
Por anos e anos apenas te olhar da margem.
Sem sentir o toque da água, sem descobrir o gosto do sal.
Da margem eu não ouvi tua voz e para mim não mostraste o rosto.
E foi ficando tarde. Foi ficando quase, quase tarde.
De que me serviram esses tempos de olhar distante, se o teu toque se misturava ao toque da água e eu nem sequer conhecia o toque da água?
De que me serviram esses tempos de olhar distante, se o teu sabor se misturava ao sabor do sal e eu nem sequer conhecia o sabor do sal?



A Espetacular Troca de Máscaras

Esta poesia foi escrita quando eu tinha cerca de 17 anos. Aos 18 participei do meu primeiro e único concurso de poesias organizado por um Jornal local. Com esta poesia tirei o primeiro lugar. Imagine a alegria daquele guri de 18 anos recebendo o prêmio. É uma bonita lembrança. Ela é uma espécie de quebra-cabeças de palavras. A proposital ausência de pontuação possibilita mais de uma leitura. A máscara pode tanto ser do "homem" como do palhaço.


Ao final do espetáculo
Calam-se os palhaços
Voltam os homens às suas casas
Ao final do espetáculo
Tiram-se as máscaras
Voltam os homens às suas casas
Sem máscaras
Sem maquiagem
Vê-se ainda os dentes brancos
Do homem
O palhaço tirou a máscara
Ao final do espetáculo
 
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