quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Criação

A um pedaço de papel
Frio, áspero e que nada, por si, transmite,
Eu te proponho.
Deito cada letra que, sem presunção, te desenha
Enquanto estás, ainda, ausente de significado e lógica.
Desenterro minhas memórias, feitas de dores e alegrias,
Para gerar, qual artesão, da alma exposta, uma cria.
Uma vez que tua escrita traz essência
E alguma coisa, saborosa ou acre-doce, comunica,
Sorrio ao ver-te expressão, ver-te louvor, ver-te poesia.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sustento

A respiração é teu sustento.
Alimento invisível, oferenda imperceptível
Que, gentilmente, o mundo a ti oferece.
É aveludada quando
Teu coração, satisfeito, a acolhe
E insuficiente quando, choroso, te calas.
É bruto desabafo ou doce sopro,
Doação, inconsciente, que se faz à vida.
É infinita quando a soltas sem custo
E curta quando defines o preço.
É, de tuas expressões, a mais reveladora.
É tua primeira e última companhia,
Pois, desde o primeiro dia,
Dedica-se a fazer, obsessiva,
Da morte, a contagem regressiva.
 
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